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As profecias de 1933
Durante todo seu ministério, William Branham afirmou que em 1933 ele recebeu 7 visões espetaculares que se cumpririam antes do fim do mundo. Ele afirmou que o registro original dessas visões foi escrito em um papel e enterrado na pedra angular do Tabernáculo Branham. Além disso, ele dizia que muitos presentes nos seus cultos no ano de 1933 podiam testemunhar sobre isso, pois ele havia pedido para as pessoas anotarem também sobre as visões. Porém, agora falaremos sobre algumas incoerências das visões que fazem com que a história pareça forjada.
A primeira grande incongruência da história é a data. No famoso livro das 7 Eras, escrito por Branham em parceria com Lee Vayle, é afirmado que as visões foram recebidas em junho de 1933, uma data bem precisa, afinal, um evento de tal magnitude não seria jamais esquecido. Porém, em algumas outras ocasiões William Branham erra ao contar a narrativa alterando os detalhes do recebimento das visões. Por exemplo, em 1961 no sermão “Religião de Jezabel”, a partir do versículo 66 da tradução de Goiânia, o ministro afirma que as visões foram recebidas em 1931, dois anos antes da versão original da narrativa. Já em 1960, na mensagem intitulada “Condenação por representação”, a partir do versículo 19 também na tradução de Goiânia, o pregador afirma estar lendo de um papel sobre as visões que recebeu, quando afirma que essas visões foram recebidas em 1932, uma data diferente da considerada oficial. Então, inicialmente temos que nos perguntar quando realmente as visões foram supostamente recebidas? E essa pergunta é um tanto estranha já que, como dito anteriormente, tal evento seria impossível de esquecer na minha opinião, mas vamos dar o benefício da dúvida para a memória de William Branham.
Porém, a questão da data não é o único problema. Veja o que o reverendo diz na mensagem “Israel and the Church”, de 1953:
- Eu tenho isso escrito aqui na Bíblia. Exatamente como colocado ali na pedra angular, aquilo que aconteceria nos últimos dias; e todo mundo sabe o que foi; tem sido exatamente a Palavra. Vai ser assim.
Nessa pregação, Branham afirma que a versão original das 7 visões estava enterrada na pedra angular do Tabernáculo Branham. Essa mesma narrativa é mencionada outras vezes por William Branham, então trataremos como a história oficial sobre onde estão escritas, na íntegra, essas profecias. Sobre esse tema, um pastor da Mensagem, ao ser questionado sobre essa questão, respondeu que, após o enterro de William Branham, em abril de 1966, um grupo de irmãos liderados por Billy Paul foram desenterrar as profecias para provarem que o reverendo tinha contado a verdade. Porém, também segundo testemunhas, encontraram apenas alguns detritos na pedra, como uma lata, mas nada de papel com as profecias escritas! Há inclusive um vídeo no YouTube de um dos homens que testemunhou essa escavação revelando isso. Billy Paul então, para acalmar os irmãos, disse que provavelmente um anjo desceu do céu e tomou as anotações para provar a fé do povo... Uma história que não faz muito sentido, mas foi aceita como a explicação oficial.
Em suma, a versão original das escritas de Branham nunca foram encontradas pois elas não estavam no lugar que ele narrou durante todo seu ministério. Além disso, nenhuma bíblia nunca foi encontrada com as anotações das profecias, como o reverendo costumava dizer que haviam.
Agora, uma importante citação de William Branham deve ser mencionada para mostrar a falta de transparência descarada do ministro. A seguir, um trecho da mensagem “Condenação por representação”:
- Eu tenho em... e por falar nisto, o Sr. Mercier e muitos deles tomarão algumas destas velhas profecias, e as tirarão e lhes revisarão um pouquinho ou as colocarão no tempo certo, e as colocarão no tempo certo, e as colocarão em papel.
Ao falar sobre as profecias de 1933, William Branham abertamente fala que pediria para Leo Mercier (homossexual responsável pela divulgação das fitas do pregador) revisar as profecias e colocá-las no tempo certo, ou seja, corrigir qualquer incoerência. Ele abertamente afirmou que as profecias eram corrigidas, isso é bizarro!
Agora, já mencionadas as incoerências na narrativa do recebimento das visões, vamos falar especificamente sobre quais eram essas profecias. A versão considerada oficial das 7 visões é encontrada no livro A Exposição das 7 Eras. Abaixo, um breve resumo de cada uma delas:
- Mussolini invadiria a Etiópia e teria um fim terrível.
- Um austríaco de nome Hitler se levantaria e levaria o mundo a uma grande guerra.
- Nazismo, Fascismo e Comunismo se ergueriam, mas os 2 primeiros ismos seriam dominados pelo terceiro, então o mundo deveria ter cuidado com a Rússia.
- Mostrava o progresso científico do mundo, por exemplo com o surgimento de carros movidos sem motorista.
- A moral feminina cairia e então elas começariam a usar roupas masculinas e cortar seus cabelos.
- Uma poderosa mulher dominaria os Estados Unidos, talvez essa mulher seja uma representação da Igreja Católica
- Uma explosão terrível ocorria e os Estados Unidos seria destruído
Porém, na pregação de 1960 intitulada “A era da igreja de Laodicéia”, o irmão Branham também relata as 7 visões, porém de uma forma diferente. As principais diferenças são: A segunda visão na verdade era que o presidente Roosevelt levaria o mundo a uma guerra (e não Hitler). Na quarta visão, ele disse que os carros ficariam cada vez mais no formato de um ovo. E a quinta visão fala que as mulheres votariam de forma errada e elegeriam um candidato que não deveria ser eleito (essa profecia já teria se cumprido em John Kennedy).
Provavelmente a versão pregada em 1960 foi revista e atualizada, como o próprio Branham dá a entender na citação mencionada anteriormente de “Condenação por representação”, para se encaixar melhor com a realidade até aquele momento. Assim, a versão final e considerada oficial, contida no livro das Eras de 1965, é a mais utilizada pela Mensagem, pois é a mais corrigida.
O primeiro grande problema sobre essas profecias em si é que a maioria delas só é citada após o fato acontecer. Por exemplo, quando Branham cita pela primeira vez em gravação tais profecias, Hitler já havia falecido e Mussolini também. Além disso, o fascismo e nazismo já tinham sido derrotados pelo comunismo. As mulheres também já tinham adquirido direitos mais igualitários e ajudado na eleição do presidente Kennedy. Assim, 4 das 7 visões já tinham sido cumpridas quando Branham iniciou suas afirmações sobre tais profecias recebidas. Além disso, a versão onde Branham culpa Roosevelt pela Guerra Mundial é comprovadamente uma falsa profecia, pois o presidente americano evitou ao máximo a entrada dos EUA na guerra, por isso mesmo essa visão foi alterada para condizer com a realidade dos fatos. Também é válido ressaltar que, como a dissolução da União Soviética e o enfraquecimento do Socialismo nos governos atuais da Rússia, a parte da visão 3 sobre "Cuidado com a Rússia" se mostrou falsa, pois a Guerra Fria terminou na década de 80, e os embates políticos e geográficos entre EUA e Rússia terminaram. Portanto, as visões 1, 2, 3 e 5 são consideradas inválidas para a análise, pois a veracidade é colocada em xeque por já terem ocorrido na primeira menção oficial delas.
Das 3 profecias então consideradas válidas por serem de antemão, ou seja, citadas antes dos fatos, algumas observações são necessárias. A visão 4, sobre o progresso científico esperado para o futuro, já era tema de estudos e divulgações desde os anos 30, com enfoque maior a partir da década de 50 com as produções da Disney, como já mencionado anteriormente. Portanto, podemos considerar uma “visão” baseada em estudos e não de revelação divina. Além disso, a versão onde Branham fala sobre carros ovais, tem se mostrado pouco verdadeira, pois os carros tem cada vez menos usado desse formato. A sexta visão, sobre a poderosa mulher, é classificada como uma profecia vaga (por conta do duplo sentido, podendo ser tanto uma mulher quanto uma metáfora para o Catolicismo) e também uma profecia de conclusão óbvia pela força de votos das mulheres que, uma hora ou outra, colocariam uma representante feminina no poder. Por fim, a visão de número 7 era também de crença popular, pois desde 1945 os Estados Unidos e a Rússia (então União Soviética) viviam um terror nuclear, com medo mútuo de uma grande explosão com uso de bombas atômicas. Os cidadãos americanos, principalmente após 1962, com a crise dos mísseis em Cuba, temiam ainda mais uma eventual explosão que devastaria o país.
Assim, provamos que as 7 visões ou foram mencionadas após o fato ocorrer, ou eram fruto de crenças populares e conclusões óbvias sobre o futuro.